Adolescência: Fase de Irreverência, Rebeldia e de Grande Perigo!

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Gostaríamos de iniciar este artigo, colocando nosso pensamento e opinião, ao afirmar que ser pai (e mãe) de jovens que estão passando pela fase de transição da pré-adolescência (entre 13 e 16/17 anos) para a adolescência (16 e 19/20 anos), não é uma tarefa muito fácil. Isto se deve, entre outras coisas, pelo fato de que nestas fases do desenvolvimento psicossocial, eles apresentam acentuados comportamentos de intrepidez, rebeldia e com grandes possibilidades de se envolverem em situações e questões perigosas (eu também fui assim nesta fase).

Podemos citar algumas circunstâncias que podem leva-los a correr riscos e perigo, tais como: o envolvimento com o uso abusivo de drogas (lícitas ou ilícitas), com o tráfico de entorpecentes (drogas ilegais), prostituição etc. Além de poder se envolvendo em qualquer outro tipo de delito, que são tipificados no Código Penal Brasileiro (CPB). Neste sentido, gostaria de perguntar a você, leitor, que tem filhos nestas faixas etárias: Você já conversou sobre estes e outros assuntos com seus filhos?

Como pai, sei que não é fácil e de que não basta uma conversinha de poucos minutos. Nem tampouco, lá uma vez por ano. Temos que aproveitar qualquer momento e oportunidade, tipo quando estiverem juntos vendo um filme, um futebol etc., mas tem que ser um tempo de qualidade e disponibilidade (sem pressa e sem correria). E o diálogo a ser desenvolvido, deve ser atrativo e sem qualquer tipo de pressão ou com pré-julgamento.

É preciso e necessário manter este tipo de conversa, mas de forma continua, sempre acompanhando a idade e as circunstâncias cotidianas atuais. Vale lembrar que para as drogas não existem barreiras, nem distinção entre as classes sociais, pois elas estão em todo o lugar e chegam para toda e qualquer pessoa da sociedade. E as pesquisas apontam que vem diminuindo a cada ano, a idade em que nossas crianças e jovens, estão tendo acesso as drogas, mas não somente do álcool e do cigarro (drogas lícitas), mas também as drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack etc.).

Então você poderia me perguntar: e tem uma idade própria para podermos conversar sobre estes assuntos, com os nossos filhos? Para responder a este questionamento, vamos nos apropriar da palavra de Paul Dillon (2013)1: Você deve conversar sobre este e outros assuntos, “assim que começarem a oferecer drogas para o seu filho”. Sem desmerecer a resposta dada pelo nobre autor, seremos um pouco mais “incisivos”, ao dizer que: o quanto antes conversarmos com eles será melhor, mas com uma linguagem “nivelada” a idade deles (fiz com o meu filho Cadu (20 anos) desde cedo. Agora tenho feito com a Elisa (8 anos).

Não podemos esquecer, de que vivemos num mundo em que a indústria farmacêutica, conseguiu fazer-nos acreditar que para qualquer problema de saúde (física ou mental) que tivermos, existe uma droga capaz de resolvê-lo”. Isto é tão verdade, que pode ser comprovado diariamente, pois é comum termos uma “farmacinha” dentro de nossa casa: e se você está com uma dor de cabeça, basta tomar um comprimido de doril e pronto! Nós aprendemos a nos automedicar e passamos este ensinamento aos nossos filhos desde criança. Sem maldade, acabamos treinando-os para serem usuários de drogas desde muito cedo. E não importa se essas drogas são usadas para questões medicinais ou para outros fins.

O mais importante, segundo Dillon, é informar para nossas crianças e adolescentes, os riscos que estes medicamentos “domésticos” podem vir a produzir, caso sejam usados de forma inadequada. Esta advertência, prende-se ao fato de que muitas das drogas farmacológicas, não precisam de prescrição médica para a sua compra e aquisição. Vale frisar de que os medicamentos também são drogas, por isso, vemos no layout escrito com letras garrafais: Farmácia e Drogaria (atualmente nem tanto). O próprio Dillon, sugestiona que usemos certas práticas e estratégias para este tipo de conversa. No entanto, também faz outro alerta: evite usar a tática de choque.

Para algumas pessoas elas funcionam bem, enquanto que para outras não. Dito de outra forma, será que se eu usar a tática de choque para assustá-los, eles não vão experimentar as drogas? É bem provável, que para os pais que tiveram pouco contato com drogas, no transcorrer de sua vida, que esta atitude seria a mais correta a ser feita. Entretanto, para muitos educadores que trabalham com este tema, isto é, o uso abusivo de drogas, esta atitude seria uma perda de tempo, pois quando o jovem (o indivíduo) está envolvido com a substância psicotrópica (droga) e está curtindo os seus efeitos (um glamour, tendo prazer), esta tática de choque raramente causará qualquer tipo de impacto. De acordo com Dillon, existe uma variedade de táticas de choque que são usadas, entre as mais comuns estão:

a) Abordagem feita por um Policial ou profissional da área de saúde: eles são convidados para irem nas escolas e ministrarem palestras sobre o assunto. E no decorrer da ministração, mostram várias imagens de acidentes de trânsito (fiz muito isso, durante anos) ou por meio de vídeos de curta duração, em que os condutores haviam ingerido bebida alcoólica e foram conduzir seus veículos automotores.

b) Palestras Ministradas em Datas Alusivas ao Tema: Noutra ocasião, o professor ou palestrante apresenta imagens do comprometimento dos pulmões, do coração ou de outros órgãos internos (pâncreas, rins etc.), de pessoas usuárias de bebidas alcoólicas ou do cigarro (fiz isso também). Não resta dúvida de que estas imagens chocarão alguns deles, podendo também vir a assustá-los. A pergunta a ser feita é: Será que as pessoas que estiverem assistindo esta palestra (as imagens e vídeos), ficarão inibidas quanto a esta conduta?

Não temos como dar uma resposta taxativa acerca disso, afirmando de que eles reproduzirão ou não este tipo de conduta, no decorrer de suas vidas. Durante doze anos, ministrei palestras preventivas ao uso abusivo de drogas e a prática de violência urbana, onde o público alvo, era crianças entre 9 e 12 anos, como também direcionadas para adolescentes entre 14 e 16 anos.

No decorrer destes anos, fomos convidados para atender outros tipos de público, entre eles; pais de crianças e adolescentes, funcionários de empresas na Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), líderes e membros de Igrejas Cristãs ou Evangélicas (de várias denominações), motoristas de transportes de cargas diversas etc. Nestas ocasiões, fizemos o uso de várias imagens e de vídeos impactantes, com o propósito de adverti-los sobre os riscos que poderiam vir a sofrerem.

Tem uma fala popular que diz assim: “Ser jovem é outro papo”. Eles, os jovens, por mais que sejam advertidos e alertados, acreditam que estas coisas jamais acontecerão com eles. O nosso papel como Pai (e educador), é de estar o tempo todo informando e falando aos nossos filhos, sobre todo tipo de tema ou de assunto, que pode acabar colocando-os em perigo.

Se eles vão dar crédito ou não, é outra questão. Uma coisa é certa: o comportamento deles não irão mudar ou ser alterado, a menos que algo ou alguma coisa de ruim, venha a acontecer e afete diretamente a eles. Em outras palavras, de que eles sejam afetados diretamente pela atitude, escolha ou pela “má” decisão que tomaram. Na seara religiosa, ouvimos muito uma fala que diz assim: “Se você não vier por amor, poderá vir pela dor”

E aí, você poderia me fazer outro questionamento: E o que leva uma pessoa a usar drogas? A resposta para esta pergunta, pode compreender várias condutas ou circunstâncias. Vamos citar algumas que consideramos mais comuns:

  1. Sentir Prazer: não importa qual seja a substância psicotrópica a ser usada, seja ela legal ou ilegal, todas dão ou produzirão prazer! Caso contrário, os números de usuários abusivos ou dependentes químicos, não aumentariam a cada dia. A grande questão é: Será que vale a pena sentir “poucos” minutos ou momentos de prazer, colocando em risco a sua saúde e a sua vida? Deixaremos a resposta em aberto, para o leitor refletir e, talvez, responder.

  1. Pressão social. Este tipo de pressão exerce grande impacto sobre nossas crianças, mas principalmente sobre nossos adolescentes. A influência social tornou-se muito forte e importante em nossos dias. Raramente falamos sobre este e outros assuntos dentro de casa. Talvez, por esse motivo, afeta o comportamento dos adolescentes, pois é algo que está em todo lugar. Em especial, quando nos referimos a bebida alcoólica, que é considerada como uma droga social. Eles, os jovens, serão convidados para frequentarem eventos sociais e festas diversas, sendo que nestes locais, provavelmente irão se deparar com o uso e consumo de bebidas alcoólicas, cigarros e outras drogas.

c) a Curiosidade: é sabido por todos que as crianças e os adolescentes são muito curiosos, pois tudo que veem querem saber o que é. Tem um ditado antigo, que diz assim: “A curiosidade matou o gato”. No entanto, ela mata também pessoas. E em alguns casos, elas se arriscam em experimentar. Além disso, todos os dias observamos várias pessoas próximas a nós, bebendo e se divertindo. Esta conduta é reforçada pela mídia televisiva com seus inúmeros comerciais, novelas ou nos filmes que assistimos diariamente. Desta forma, elas podem ser atraídas para virem a experimentá-las.

d) o Pertencimento: o período da adolescência caracteriza-se pela busca do aprendizado e da autoafirmação, com o propósito de se descobrir onde você se “encaixa” neste mundo. Alguns jovens enfrentam muitas dificuldades e tem grande necessidade de aceitação por um grupo ou classe social. E quando não conseguem fazer parte de um, isso poderá leva-lo a se envolver com práticas ilícitas e perigosas. Por isso, eles buscam aprender ou a adotar as condutas, que são exigidas por pessoas daquele grupo ou classe social. Muitas vezes, para isso, ele (a) terá que ir a festas e eventos, tomar bebidas alcoólicas, entre outras coisas.

e) a Disponibilidade e o Preço: no primeiro caso, vale lembrar que há maior disponibilidade de certos tipos de drogas espalhadas em nossa sociedade e em algumas áreas, do que em outras regiões do mesmo bairro ou do próprio município. Quanto ao segundo, mesmo com certa disponibilidade, você não pode esquecer, de que as drogas não caem do céu. Em outras palavras, cada uma delas tem um preço determinado. Além disso, você precisa conhecer o lugar em que ela pode ser encontrada e alguém que a venda. E não se esqueça, de que cada droga já tem o seu preço estipulado, umas custam mais caro (Ecstasy, LSD etc.), enquanto outras são mais baratas (Maconha, Crack etc.).

e) o Exemplo: tem uma fala que ouvimos por várias vezes, em nossos dias, que diz assim: “o exemplo fala mais (ensina, instrui) do que as palavras”. Nós, pais, temos que estar atentos em nossa convivência diária e familiar, haja vista que os filhos costumam “reproduzir” a conduta de seus pais. Se eles (Nós) têm o hábito de usar drogas, sejam lícitas ou ilícitas, na companhia ou na presença dos filhos, pode acontecer de adotarem o mesmo comportamento. Além dos filhos, eles dizem que os alunos são o reflexo de seus professores e os empregados, de seus patrões.

Num passado não muito distante, todos os assuntos que eram considerados como “tabus” naquela época e sociedade (alguns ainda são), o marido (o homem/o pai), jogava toda a responsabilidade do diálogo com os filhos, para a sua esposa (a mulher/a mãe). Em nossos dias, isso vem sendo mudado, mas a passos lentos, pois muitos maridos ainda delegam toda a responsabilidade para a sua companheira.

Não podemos negar, que tem certos assuntos que são muito delicados para serem abordados pelos homens (o pai) com a filha, ficando mais próprio para uma conversa e um bate-papo feminino (Mãe e filha). O mínimo que se espera, deste pai, neste caso (em nossa opinião), que procure a sua esposa depois desta conversa, para ficar a par da situação.

Desta forma, se a situação for complicada; por exemplo; ela está sendo molestada ou assediada na escola (por colega, funcionário ou professor), perdeu a virgindade (com o namoradinho); está tendo envolvimento sexual com homem de mais idade ou casado; está fazendo o uso abusivo de drogas legais (álcool e cigarro) ou ilícitas (maconha, cocaína etc.) ou se envolveu com a rede criminosa do tráfico, entre outras coisas. Melhor será os dois resolverem o que fazer juntos.

Agindo assim, diminuirá a possibilidade de cometerem erros e, quem sabe, evitar que sua (seu) filha (o), sofra maus tratos, agressões físicas, abusos sexuais ou sanções punitivas pela violação da lei, devido ao envolvimento com condutas tipificadas como ilícitas. Fica assim, para hoje, este nosso alerta!!!

1 DILLON, Paul. O que seus filhos precisam saber sobre álcool e drogas. São Paulo: Editora Fundamento, 2013.