China e Brasil estão entre mercados emergentes com risco de crise bancária
“Os primeiros indicadores de alerta de estresse bancário apontaram para os riscos decorrentes de forte crescimento do crédito”, de acordo com o banco. Historicamente, um país com uma taxa acima do limiar de 10 por cento tem dois terços de chance de que “graves tensões bancárias” ocorram dentro de três anos, disse o BIS.
Os maiores países em desenvolvimento do mundo se recuperaram rapidamente da crise financeira internacional de 2008, financiando a expansão com uma onda de empréstimos, e agora que o crescimento está diminuindo, os credores estão às voltas com uma quantidade cada vez maior de empréstimos de liquidação duvidosa. A China desvalorizou inesperadamente o yuan no mês passado, o que sacudiu os mercados internacionais com a preocupação de que o desaquecimento da segunda maior economia do mundo estivesse se aprofundando.
Tensões bancárias
O risco na China decorre da onda recorde de empréstimos, de 17,6 trilhões de yuans (US$ 2,8 trilhões), desencadeada pelo ex-primeiro-ministro Wen Jiabao em 2009. Os empréstimos improdutivos no país registraram no primeiro trimestre o maior crescimento desde que os dados passaram a estar disponíveis, em 2004, e chegaram a 982,5 bilhões de yuans. Esse é quase o tamanho da economia do Vietnã.
Assim como a China, a Indonésia, Cingapura e a Tailândia também têm uma proporção entre o crédito e o PIB superior a 10 por cento e, portanto, são vulneráveis às tensões bancárias, mostra o relatório do BIS.
Os maiores bancos do Brasil, que está atravessando a pior contração econômica em 25 anos, estão reforçando suas provisões para cobrir os empréstimos de liquidação duvidosa. No mês passado, o Banco do Brasil SA, o maior banco da América Latina em termos de ativos, aumentou em 21 por cento a reserva de dinheiro destinada a empréstimos de liquidação duvidosa.
O banco estatal e o Banco Bradesco SA estavam entre as 13 empresas de serviços financeiros do Brasil cuja classificação internacional foi rebaixada pelo Standard Poor’s na semana passada, após a nota do país ter sido cortada para junk (grau especulativo).
“As proporções estimadas do pagamento de dívida também indicaram que os riscos vão continuar”, disse o BIS no relatório. Por exemplo, “famílias e empresas no Brasil, na China e na Turquia gastaram significativamente mais com o serviço de dívidas do que antigamente”.